23 Março a 3 Abril

Bem, lendo a última frase de um dos posts anteriores, fico com a sensação de que vos poderei ter levado a pensar que tinha sido efectivamente preso por conduzir, dada a ausência de notícias durante de uma semana.

Mas nada disso. O motivo de tanta demora foi duplo. Por um lado quando tinha tempo para escrever não tinha Internet, por outro, quando tinha Internet estava sem tempo para ‘postar’ o que entretanto tinha escrito.

Mas adiante,

A Elsa acabou as tarefas de Cabinda e regressou muito bem disposta e com novas e giras fotos. Quanto a nós, ficámos por Luanda a lutar com a habitual demora das coisas por cá.

Fim-de-semana 24 e 25 Março

Este fim de semana tínhamos visitas. Por um lado, o André, que vai ficar cá até 15 Abril e por outro o Pedro, que fica só até domingo. Sábado combinámos ir ao Mussulo. E fomos de facto.

Simplesmente, enquanto os outros foram com os motoristas, nós decidimos levar o carro. Que, infelizmente, estava sem gasolina. E foi na fila da gasolina que se passou a primeira hora e meio de praia. Não pensem no entanto que foi hora e meia perdida. Não. Foi um autêntico desfile de vendedores a passar pelo carro, mostrar a inacreditável variedade de produtos que se podem comprar nas ruas de Luanda. Isto é seguramente o mais puro conceito da loja de conveniência.

Na verdade eles estão ali, convenientemente do lado de fora do vidro do carro e nem precisamos dizer que queremos alguma coisa para que eles nos mostrem e expliquem e tentem regatear. E quando digo alguma coisa, é mesmo isso: ratex, espelhos e balanças de casa de banho, capas de cd’s, filmes convenientemente pirateados, cd’s dos melhores artistas angolanos, chuveiros, guitarras eléctricas, boxers, carregadores de telemóvel… tudo, meus amigos, tudo pode ser comprado no conforto do carro. É uma espécie de El Corte Inglês - sem os espanhóis e a céu aberto - mas em que em vez de passarmos pelos produtos, são eles que passam por nós.

Não pensem no entanto que ficou tudo por aqui. Quando chegámos ao embarcadouro, já muito (demasiado) perto da hora do almoço, constatámos que o barco do Barssulo estava indisponível. Até aqui tudo bem, o problema é que não havia mais nenhum disposto a levar-nos sem ser por um preço que nos obrigasse a vender a casa para pagar.

Esperámos mais hora e meia até ter a situação resolvida, o que fez com que chegássemos à praia às 14, para apanhar o barco de regresso às 17…. Isto tendo acordado às 8 para ir para a praia. Menos mal, que assim não abusei da pele novinha, recém saída do escaldão (do qual vos mostro uma foto).



A noite foi passada a dormir, sem borgas, para tentar recuperar as horas perdidas durante a semana, porque isto de amanhecer às 5.30 e não ter estores no quarto, tem muito que se lhe diga.

Domingo, depois de acordar a horas vergonhosas, fizemos umas poucas horas no de praia no Coconuts antes de ir trabalhar um pouco, enquanto os restantes pegaram num dos motoristas e foram até a Cabo Ledo, com paragem no Miradouro da Lua.

Ao fim do dia chegou mais gente. A Susana, a Sara e o João para outro projecto que também é suposto eu coordenar e a Carolina e o Francisco para o projecto do André. Excepto para a Susana, uma ‘veterana’ de Angola, os restantes estão a ter o baptismo.

Semana de 26 a 30 Março

Esta semana prometia. Aqui em Luanda eu tinha a segunda Workshop do projecto e ainda não estava bem recomposto pela informação de que iriam comparecer 24 directores. Vinte e quatro, leram bem. Mas que raio de produtividade se espera de uma reunião assim?

O importante é que fiquei mais tempo de volta da apresentação do que aquilo que tinha planeado e isso explica boa parte do meu overtime desta semana.

A Andreia começou de novo a stressar pela falta de stress (!!!) e a Elsa esteve uns dias fora a apoiar o André, mas no final, a Workshop correu bastante bem e todos nos deram os parabéns. O que é simpático, mas não esconde o facto de terem adiado sempre que possível, todas as decisões que lhes pedimos que tomassem.

Ainda durante a semana, tivemos o KickOff do outro projecto e, não posso escondê-lo, fiquei surpreendidíssimo com os altos padrões do cliente. Desde as instalações ao staff, um nível surpreendente e absolutamente inabitual na realidade angolana. De louvar.

Esta foi também a semana em que vi um das frases mais divertidas de sempre, colada num candongueiro. Dizia simplesmente: “Beleza val muito”. (e não, não cometi nenhum erro ortográfico, era mesmo assim q estava escrito)

Se não falei ainda do culto do povo angolano pela individualidade, a diferença, a beleza… pois, esta frase reflecte tudo isso e acrescenta a vaidade como outra característica muito própria (mas longe de ser exclusiva).

Na sexta feira a Andreia e a Elsa regressaram a Lisboa e fiquei com maior dedicação ao novo projecto. Se não fosse por mais nada, ao menos lá posso beber café razoável a qualquer hora do dia.
Sexta, marca também o dia em que tive o mais baixo atentado à minha auto estima. Saíamos do restaurante, o Rialto, quando um puto (15 ou 16 anos), em muletas, me tentou assaltar. Dá para acreditar? Estarei assim com ar tão acabado que até um puto de muletas achou que me podia assaltar?

Devia ter-lhe pedido uma indemnização por danos morais e por ser a pior tentativa de assalto de todos os tempos (mas eu prefiro que as que me envolvam continuem a ser más, ok?).

Fim de Semana de 31 Março a 1 Abril

Sábado fomos todos, com um bom grupo de gente da concorrência passar o dia na praia de Cabo Ledo. Foi muito bom, estava um dia bastante quente e o mar de um azul-turquesa fantástico. Para variar, a água nem estava tão quente como o ar e até servia efectivamente para nos refrescar um pouco. O pior foi ao final do dia. Pelo menos para mim. Tive uma paragem de digestão e fiquei o resto do fim de semana na cama.

Segunda Feira, 2 de Abril

Hoje o dia amanheceu com a notícia do avião da Tap que no voo de ontem à noite, de Luanda para Lisboa, teve um reactor a explodir e regressou de emergência ao 4 de Fevereiro. A consequência é um atraso amanhã no meu voo de 6 horas.

E é isso, vou ali duas semanas a Lisboa e volto já.