Dia 1: Luanda – Lubango
Quando à meia-noite e meia me deitei e coloquei o despertador para as 2.35h, sabia que não ia ser um dia fácil. Sabia. Mas o entusiasmo pela viagem superava todas essas considerações.
Por isso, quando eu a Inês e a Andreia saímos de casa às 3.15h para ir buscar o Décio e a Cátia, era maior o brilho nos nossos olhos que o peso nas pálpebras.
Chegámos ao terminal dos voos domésticos no 4 de Fevereiro ainda antes das 4.00h e já o resto do grupo nos esperava. Pedro, Zé Simões, Luís e Sylvie estavam com o mesmo brilho que nós.
Entrámos, esperamos uns minutos pelo check in e acabámos por ser os primeiros a entrar na sala de embarque, umas 4 horas antes de efectivamente virmos a embarcar. A sala estava gelada, o que muito terá contribuído para a minha faringite dos dias seguintes, mas nem isso nos demoveu de fazer as primeiras das 1600 fotos dos três dias.
O surgimento do pequeno Berti, de dentro da mala da Sylvie foi também motivo para grandes festejos e regozijo e ele acabou por se tornar num dos elementos mais carismáticos – e peludos – do grupo.

Berti ao colo, a tentar dormir
Apesar de não percebermos porquê, o Décio e a Cátia insistiram em partir num voo que deveria sair antes do do resto do grupo e passar pelo Huambo, supomos que para comer pastéis de Belém. No entanto, umas centenas de Kwanzas bastaram para garantir que o nosso 737-700 saía primeiro que o deles e acabámos por ter mais quase meio dia de Lubango.
Foi à chegada ao Lubango que as coisas pareceram ficar mais complicadas. A rede Unitel recusava-se a trabalhar e nós não conhecíamos nem o motorista da Hiace (lê-se yáçe) e nem sabíamos outra coisa que não o telefone da pessoa que nos diria onde era a casa.

Ainda pensámos alugar este

Como o Décio e a Cátia tardaram, tivemos tempo para convencer o Teixeira de que éramos nós o grupo que ele esperava e acabámos por andar com ele todo o fim-de-semana. Claro que não o teríamos conseguido sem o olhar doce do Berti.
Depois do grupo completo, lá embarcámos no nosso ‘candongueiro’ e fomos conhecer a cidade e a casa. O Lubango deixou-nos a todos em silêncio. Uma cidade linda, limpa, organizada e a anos-luz da confusão de Luanda.
Posso jurar que ouvi mais do que uma voz a fazer juras de amor eterno à cidade e a prometer viver ali para sempre. E uma delas era minha



vistas da cidade do Lubango
Depois de instalados na nossa fantástica moradia com vista para a cidade e de comermos um almoço de funge no Huíla Café (o único com estrelas no Guia Michelin), decidimos partir para a fenda da Tundavala, com o Décio como nosso corajoso candongueiro.

As damas na varanda da casa

A Tundavala foi, a todos os níveis, uma experiência de cortar a respiração. Não só está localizada a uma imensa altitude (partimos do Lubango, já de si a 1760m e subimos, subimos, subimos…) mas, essencialmente, porque é um daqueles lugares mágicos em que a força e a beleza avassaladora da natureza nos reduzem á pequenez de humanos. Foi um momento mágico que jamais esqueceremos e que as fotos, embora belas, nem de perto conseguem ilustrar.


Depois de muitas caminhadas e escaladas, lá partimos montanha abaixo, guiados pelo intrépido Décio, no ‘candongueiro’ mais veloz do oeste (oeste do Huíla, bem entendido).


Por esta altura, todos puderam descansar um pouco os ouvidos, pois a minha voz foi-se, levada pela faringite. Um descanso para os demais e uma frustração para mim.
Voltamos ao Huila Café (o único com um Leão de Ouro no Festival de Veneza) onde temos um jantar demorado, o que, associado a mais de duas dezenas de horas sem dormir, não melhorou muito o nosso aspecto de zombies de um filme serie B.
Para mim foi xixi cama e adormecer em 0,3 segundos.
3 Comments:
Sim, p'imo Rui: a vontade é mesmo de voltar e ficar... para sempre... O Berti e eu aguardamos ansiosos a descrição do resto deste fim de semana mágico... único... Foram tantas, mas tantas emoções...
...sem palavras...só quero é ver as fotos todas!!
Tundavala é daquelas palavras que dá logo para fazer uma cançãozinha bacana...tun tun tundavala tun tun tun tun tun tun tun tun tun (ao som da música do Gengis Khan)...
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