My African House

Monday, August 04, 2008

27 meses em Angola

Parece que foi ontem, mas já lá vão 27 meses desde que comecei esta minha experiência Angolana. E 13 anos desde que estive aqui a primeira vez. Torna-se evidente, que Angola e toda a experiência de vida aqui, me marcaram e marcam profundamente.

Qualquer pessoa que passe pela experiência de viver longe de casa, sabe ao que me refiro se falar do turbilhão de emoções contraditórias. Da montanha russa de emoções. Nuns sítios eventualmente menos evidente, mas num local tão mágico e tão diferente como a África Subsaariana, seguramente muito intensa.

No momento que escrevo estas linhas, estou sentado no lounge do 4 de Fevereiro a aguardar o voo tap para Lisboa. E sinto-me numa dessas voltas de montanha russa. Sensação aliás, que acompanhou as minhas últimas semanas aqui. São tantas as coisas que me fazem querer regressar a Lisboa, mas … em simultâneo, são tantas as coisas que me fazem não querer entrar no avião e ficar por cá. Bons amigos (Cátia e Décio, vocês sabem o quanto têm sido importantes para mim), uma vida diferente, longe do fútil e superficial, mais rica do que realmente importa.

Esta é uma experiência que não deixa ninguém indiferente e não lamento nem por um minuto ter embarcado nesta viagem. Embora esteja de novo numa daquelas encruzilhadas da vida, África é seguramente um dos caminhos que mais me apetece percorrer.

N. Srª da Muxima

O passeio deste fim-de-semana à Muxima marca, de certa forma, o regresso aos passeios depois de algum tempo de inactividade.

Combinei cedinho com o Décio e a Cátia e assim, logo às 8.00 estávamos a sair em direcção À Samba, onde fomos ter com o Nelson e a Helena. Experimentámos a pouco habitual ausência de trânsito na estrada até à Corimba e lá seguimos rumo a sul. Íamos todos convencidos que da estrada de Cano Ledo à N. Srª da Muxima eram uns 40 km, pelo que, quando ao entrar na estrada de terra batida nos deparámos com a placa a informar que estávamos a 120km da Muxima, sentimos todos necessidade de parar o carro na berma e comer qualquer coisa para ganhar coragem.




No entanto, a estrada custou bastante menos a fazer que aquilo que a princípio temíamos. Pelo menos a mim que dormi boa parte do caminho. Acordei no entanto a tempo de ver a pequena localidade a surgir ao fundo, nas margens do rio Kwanza.

Muxima é uma aldeia pequena, por qualquer padrão. É muitíssimo conhecida em Angola como destino religioso. Uma espécie de Fátima. Por isso mesmo, poucos expatriados sentem curiosidade de a visitar. No entanto, a única ligação da terra à religião, é uma igreja de tamanho médio, aparentando ser do séc. XVIII. Bem mais interessante é a paisagem e a fortaleza do sec XVI (I’m guessing here, ok; não me tomem por um guia de viagens) no cimo do monte que domina o povoado.






Na Muxima tivemos mais um daqueles momentos ‘Angola’. Era hora de almoço e naturalmente hesitámos entre as nossas sandes e um restaurante. Como descobrimos que o novo complexo turístico da Muxima tinha restaurante, a opinião unânime foi a de procurar comida no fresco de um sítio com ar condicionado. Assim foi. Perguntamos pelo restaurante à entrada do empreendimento e, depois de estacionar lá nos dirigimos para ele.

Entramos e somos surpreendidos pelo bom aspecto da coisa (ok… há que ter em conta q estamos a 250km de Luanda e no meio do mato; ‘bom aspecto’ refere-se às expectativas que tínhamos no momento). Entramos, perguntamos se podemos sentar e escolhemos mesa.

Como a senhora demorasse a vir ter connosco, o Nelson decidiu ir falar com ela. E foi nesse momento que descobrimos que… só serviam refeições com encomenda prévia. Mas e nem uma omeleta? – insistimos.
Que não, que a senhora estava cansada (estavam duas mesas ocupadas e eram 13h…).

Assim sendo, comprámos bebida e fomos aos carros buscar o farnel; ao menos aproveitava-se o ar condicionado.

Terminada a refeição decidimos voltar, mas por um caminho diferente. Este envolvia atravessar o kwanza numa barcaça (uma plataforma metálica com um motor de cada lado, para a qual sobem os carros) e seguir até Catete, apanhando aí a estrada – finalmente alcatroada – até Luanda, via Viana.