My African House

Tuesday, July 25, 2006

17 a 23 de Julho

A semana passou tão a correr que nem tive tempo de escrever. De repente tudo se começa a precipitar e o trabalho no projecto parece estar a crescer exponencialmente. Acrescente-se a isto os atrasos na entrega de dados pela parte do cliente e é fácil perceber o nosso stress.

Trabalho à parte, a semana só teve dois dias dignos de menção. Na quinta feira, fomos com o irmão da Susana e todo o grupo habitual jantar ao Caribe e, de seguida, dançar ao Palos. Era a noite de música Latina e estava animadíssimo. Foi de facto bastante contrariados que decidimos voltar a casa perto das 3 da manhã.

Entretanto, a Susana e o irmão foram convidados para ir ao casamento de um colega dele. Os casamentos aqui são quase sempre à noite, especialmente à sexta feira. Assim, sexta à tarde o Amaral teve o privilégio de levar a ‘sua’ Princesa Susana – como ele a chama – ao cabeleireiro.

Enquanto eles tinham essa experiência inesquecível, eu e o Luís jantámos com o resto do pessoal no Coconuts e fomos tomar um copo ao Elinga.

O Elinga merece claramente um parágrafo só para ele. O mais próximo que me lembro é do Bairro Alto. E não é por estar em ruelas estreitas. Fica num primeiro andar com terraço de um prédio com ar abandonado na baixa de Luanda e tem uma fauna admirável. Expatriados europeus mais ou menos aculturados e mais ou menos sóbrios, libaneses bêbados, chineses, brasileiros e angolanos numa gama de estilos entre o mais puro ‘rasta’ e o american rapper mais estiloso, passando pelas meninas da vida com calções mais reduzidos que o meu cinto. But you know what? A música é gira e o espaço tem um charme especial, talvez mesmo causado pela mistura heterogénea.

O regresso a casa foi perto da 1 da manhã, mas já não aguentávamos mais. Duas noites seguidas é obra. E ainda por cima, sábado ia ser a despedida da A. e era saída até tarde pela certa.

No entanto, enquanto o nosso regresso foi pacífico, a Susana e o irmão tiveram um furo no jipe e tiveram algumas complicações para mudar a roda à noite em Luanda num sítio seguro.

Sábado 22

Durante a semana tínhamos combinado ir todos ao Mussulo, passar o dia à Roça das Mangueiras. Era a nossa forma de retribuir o excelente fim de semana no Kissama.

Assim, antes das 10h estávamos todos os 16 no embarcadouro à espera do Lenguluka VII que o Sr António tinha mandado para nos ir buscar. Chegados à Roça, a opção foi caminhar até à contra-costa para a praia. Pelo caminho revimos o nosso amigo Chimp, que afinal se chamava Chiquinho e é o chimpanzé de estimação de um dos empregados da Roça.

Chegámos junto à água na altura em que a neblina típica do Cacimbo se dissipou e rompeu um sol fantástico. Ficou um excelente dia de praia, com um mar forte, mas de um verde azulado límpido e na temperatura certa.

Quando a fome apertou, pegámos nas toalhas e fizemos a caminhada de regresso à Roça, onde nos esperava um excelente almoço. Ao almoço seguiu-se uma futebolada e um campeonato de ‘sobe-e-desce’ para agradar a todos. A Susana absteve-se e ficou na toalha, enquanto eu e o Luís fomos jogar Sobe-e-Desce com o A., a A., o A. (nice, huh?) e a K.

Combinámos jantar no Chill Out e decidimos ir descansar um pouco até lá, pelo que requisitamos de novo o Lenguluka e atravessámos para o embarcadouro.

Enquanto os outros 13 se acomodaram nos jipes e foram para casa tomar banho, o Amaral fez-se esperar. 1:15h, para ser mais exacto. Para completar a festa, quando estávamos a chegar ao Bairro Azul, eu e a Susana chamamos a atenção para um barulho estranho no carro. Parámos e lá estava ele. Um furo! O segundo em dois dias, dizia a Susana. Imaginem o que aconteceu depois.

Mudámos o pneu? Nah… isso é demasiado simples para nós. O que aconteceu foi que o nosso Volvo não tinha pneu suplente e então lá telefonámos a ‘pedir reforços’, para o irmão da Susana e o A. que nos vieram buscar.

O resultado é que já não tivemos tempo para dormir a sesta. Foi tomar banho e vestir… e esperar que o T. nos fosse buscar porque o Amaral não conseguiu mudar o pneu atempadamente e ainda nos telefonou a pedir 50 usd para pagar o pneu na recauchutagem. Na verdade o Amaral queria 100 para reparar também o suplente. Mas eu recusei – Qual a probabilidade de termos dois furos no mesmo dia e três em dois dias seguidos?- argumentei.

Bom, o jantar foi muito bom e dançámos no Chill Out, na Ilha, até perto das 2. Nessa altura decidimos ir para o Palos. Mas a confusão era muita e o Amaral n aparecia. Então o M. decide ir ter connosco a perguntar porque é que não íamos com ele que tinha o jipe vazio. E nós… tudo bem.

Chegámos e o Patrol de 7 lugares já tinha… 7 pessoas. Bom, mais 4 e fomos os onze em camadas. Claro, que eram camadas que gritavam, cantavam e – posso jurar - chegou mesmo a dançar-se o kizomba dentro daquele jipe, especialmente durante a meia hora que estivemos parados na fila por causa do ‘candongueiro’ que decidiu matar-se contra um pedregulho, na estrada da Ilha.

Chegámos ao Palos meio doridos, mas muito animados. Por isso mesmo, foi preciso porem-nos na rua já quase de manhã, porque nos recusávamos a parar de dançar.

No momento – habitual em Luanda – que antecede qualquer saída para a rua, especialmente de noite, em que preparamos os destinos e os meios de transporte, decidimos retribuir a boleia e levar o T. a casa. Afinal, o Amaral já tinha mudado o pneu.

A casa do T. ficava a uns 3km do Palos, mas pouco antes de chegarmos… de novo o barulho. Um novo furo. Pouco passava das 6 da manhã e nós com o pneu furado e, de novo, sem suplente. Todos olharam para mim e eu rendi-me. – Desculpem, aparentemente as probabilidades em Luanda são diferentes. Ou então, o único outro ponto comum em todos estes furos é a Susana no carro. Isso não vos diz nada?

Parece que não dizia.

O T. foi amoroso e prestou-se a chamar o motorista dele para nos levar a casa, o que muito agradecemos.

Domingo 23 de Julho

Apesar dos gritos da nossa vizinha de lado, a trocar ofensas com muitas asneiras cabeludas, com o namorado ao telefone, eu consegui dormir até às duas da tarde.

A essa hora, falámos com o resto do grupo e combinámos ir almoçar ao Coconuts. O almoço acabou às 18h e nessa altura decidimos todos ir enfiar as nossas caras de Zombies nas almofadas e dormir até ao dia seguinte.

Monday, July 24, 2006

Foto Reportagem

O tempo para escrever não tem abundado, mas posso deixar convosco algumas fotos dos nossos últimos dias, que satisfaçam a vossa curiosidade até ter tempo de escrever.

A equipa

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O Parque Kissama

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A outra Luanda

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O Mussulo

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Friday, July 21, 2006

14, 15 e 16 de Julho

Dia 14

Hoje começámos o dia de forma animada. Enquanto estávamos numa das intermináveis filas do trânsito Luandense, o Luís pediu ao Amaral para abrir o vidro ao lado de um dos vendedores de jornal, estendeu uma nota de 50Kz e recolheu o jornal.

Acto contínuo, o polícia de trânsito que estava 10m à frente junto ao semáforo (fechado) manda parar o Amaral e diz que o vai autuar por estar a provocar engarrafamento.

Todos percebemos que o carro cheio de ‘pulas’ lhe chamou a atenção e decidiu tentar a sorte ameaçando com uma multa. Para azar do Amaral - e do polícia – nenhum de nós mostrou a menor vontade de ‘agilizar a situação’. O Amaral recusou aceitar a multa e deixou os documentos com o polícia. Segundo ele, depois recorreria aos seus amigos no comando da polícia para resolver o problema. Como verificámos mais tarde, isso resultou.

A piada o resto do dia foi:
-Tu vê lá não andes tão devagar no passeio que ainda te multam. E mais! Ali atrás pareceu-me que respiraste de forma ofegante, isso é punido pelo código da estrada, ya?

Dia 15

Finalmente o grande dia, vamos para o Kissama. Acordámos cedinho e preparámos os sacos. Umas sandes, toalha de praia, t-shirt, uma camisola mais quente – é Cacimbo - e o edredon, já que a noite seria dormida numa tenda.

Antes das 8.30 já estamos no sítio combinado. Seguimos para a Guest-House onde estava o resto das pessoas e os jipes e ainda tivemos tempo de descobrir o que é uma Guest-House à séria..

Pouco depois das 9.30 estávamos 17 pessoas e muitas malas, instalados nos 3 jipes e partimos rumo à que seria a primeira paragem: o mercado de Benfica

O mercado de Benfica é o grande entreposto comercial para expatriados na área de Luanda (fica a cerca de 1h do centro). Trata-se de um mercado especializado na venda de artesanato, num terreno de terra batida junto à estrada, que consiste em barracas de madeira, no meio de um musseque,

Entre outras particularidades, no mercado de Benfica temos que ter as mesmas precauções que em Luanda, mas multiplicadas por 10!!! Nada de relógios, carteiras ou dinheiro desnecessário. E quanto aos carros, esteve sempre alguém de guarda. Desta vez o Luís foi o voluntário e nem mesmo assim se escapou a que lhe tentassem vender uma aparelhagem com leitor mp3, umas chuteiras e uma bola de borracha.

Quanto aos restantes, fomos em grupos para o meio do mercado, tentando escapar ao assédio dos vendedores:

- Olá amigo, vê só minha tenda, ya? Peças de muita qualidade.
- Sim, obrigado, estou só a ver.
- Mas toca só, ya?
- Não obrigado.
- Vê só, ya?
. Deixa estar obrigado.
- Faz o preço só, ya?
- ….. (foda-se, mas ele não me desampara a loja hoje, ya?)

Já quase no último corredor do mercado, encontrei um pequeno macaquinho Saguim, preso com uma trela. Aproximo-me dele, estendo-lhe a mão, que ele agarra e trocamos pequenas festas na mão um do outro. Ao ver o meu interesse, o dono não resistiu:

- Quer o macaco? Quanto dá por ele?
Eu, aborrecido pelo oportunismo e pelo aspecto assustado do macaco quando vê o ‘dono’, respondo – Comprar isto? Para quê? Ele mal dá para uma refeição!

O olhar surpreendido e enfadado dele foi recompensa suficiente.

Cerca de uma hora depois, carregados de artesanato – especialmente a Susana que comprou, assim por alto, cerca de 2/3 do mercado - , lá vamos de regresso à estrada em direcção à praia de Cabo Ledo.

Embora não seja longe – em absoluto serão uns 80km – a viagem dura quase mais duas horas. À medida que Luanda fica para trás, a paisagem vai sendo cada vez mais de cortar a respiração. Passamos o Miradouro da Lua e a ponte sobre o Rio Kuanza (com a única portagem Angolana). Atravessada a ponte, entramos num outro mundo. A paisagem passa da cor de palha para o verde vivo de uma floresta exuberante. Poucas centenas de metros à frente, uma família de macacos que atravessava a estrada, torna-se na primeira vida selvagem que avistamos.

Pouco depois chegamos à saída para a praia de Cabo Ledo. Tivemos ainda o bónus de uns 5 km de terra batida, numas condições próximas das de trial para me fazer matar saudades do Todo-o-Terreno.

Estava um feio dia de Cacimbo, mas muitos tomaram banho. Foi o caso do Luís, já que eu e a Susana apenas caminhámos umas horas pela areia, numa paisagem indescritível.

Perto das 17 voltámos a entrar nos jipes para finalmente ir para o Parque de Kissama. Depois de percorridos os poucos kilómetros de alcatrão, chegamos à saída que dava início a 39km de terra batida, que levaram mais de uma hora a percorrer. Correndo o risco de me tornar repetitivo: que paisagem. A típica savana de filme, com Embondeiros, Castiçais (cactos do tamanho de árvores com forma que faz lembrar castiçais) e muitas outras espécies que não soubemos identificar. Tudo isto enquadrado por um pôr-do-sol do mais lindo que já vi.

Por fim, já de noite, chegamos ao Parque. Começamos por deixar as coisas nas tendas e vamos para o restaurante. O jantar em si nem foi nada de especial, mas o grupo revelou-se absolutamente fabuloso. Gente muito divertida, e interessante, o que proporcionou uma excelente noite de copos, sueca e brincadeira. O resultado é que nos deitámos depois das três e antes das seis estávamos levantados. E devo acrescentar que foi a primeira vez que tive frio em Angola; a noite estava verdadeiramente fria e houve mesmo quem não conseguisse dormir por isso.

Depois do pequeno-almoço sobre o Kuanza, lá subimos para o Unimog para o tão esperado Safari pelo parque. Quanto a animais propriamente ditos, os avistamentos ficaram-se por uma família de seis girafas, umas gazelas assustadas, uma avestruz, alguns macacos e aves exóticas dos mais diversos tipos. Mas a paisagem, essa foi inesquecível.

Depois do passeio, cansados, com sono e com os rabos doridos, mas muito satisfeitos, entrámos nos jipes e regressámos a casa.

Pela minha parte, tomei banho comi cereais e deitei-me às 6 da tarde para acordar às 6:40 do dia seguinte. Embora não me lembre de nada, o Luís assegurou-me que fez o mesmo. Só a Susana teve medo de dormir demais e parece que ficou acordada até tarde.

Deixei propositadamente para o fim o episódio que se tornou na anedota do fim-de-semana: Os esquilos.

Quando fazíamos a ligação de 39km pelo meio do mato até à entrada no Parque, o Luís gritou satisfeito que tinha visto um esquilo a descer um cacto. Todos nós ficámos surpreendidos e, não vou mentir, bastante cépticos quanto à veracidade senão do avistamento, pelo menos da espécie do animal. Afinal estávamos todos convencidos que isso era coisa dos parques, jardins e florestas da Europa e América do Norte.

Como não se visse nem vislumbre de mais nenhum esquilo, decidimos perguntar aos outros carros e contar que o Luís tinha visto um. A risota foi geral; ninguém acreditou que houvesse esquilos em África e todos acharam que o Luís já tinha a dose de cerveja do dia.

À entrada do parque, um guarda bastante simpático confirmou que sim, que havia esquilos, mas disse que eram uma espécie de ‘ratos cabeludos’ o que completou o material de que são feitas as anedotas.

Daqui para a frente, o que quer que acontecesse tinha sido feito pelos esquilos do Luís e mesmo no Unimog, o animal mais avistado foi de longe o esquilo que espreitava a cada esquina.

O Luís só se salvou porque pouco antes de sairmos do parque eu avistei um esquilo e chamei a atenção para o A. que de câmara fotográfica em riste registou a prova da existência dos tais ratos cabeludos no Kissama Parque. Ainda assim, quer-me parecer que para maioria das pessoas do grupo, o Luís estará sempre ligado aos esquilos.

10, 11, 12 e 13 de Julho

Segunda-feira regressámos ao nosso programa habitual, mais uma vez na companhia do D; fomos ao Chá de Caxinde depois de jantar, escutar a Banda Maravilha e tomar um copo. Infelizmente, estávamos todos mais para lá do que para cá e, apesar da vontade de mostrar coisas novas à Susana, antes das 11 da noite estávamos todos com vontade de ir dormir. O que fizemos.

A Susana não pára de nos surpreender pela forma fantástica como se está a habituar à vida Luandense e já nos fez prometer que a levamos a comer Moamba, Calulu e outros pratos locais.

O trabalho continua a correr mais lento que o que eu desejaria e isso tem-me deixado bastante stressado. Azar o do Luís e da Susana que me têm aturado mais do que eu gostaria. Ainda assim, acho que eles estão os dois a fazer um excelente trabalho.

Terça Feira 11

Saímos cansados e decidimos ir às compras para a casa. Entrámos com uma lista e perfeitamente convencidos de que precisávamos do essencial para uns pequenos-almoços e uma ou outra refeição, se a Susana nos quisesse dar o prazer de comprovar a sua fama de boa cozinheira ou se estivessem dispostos a arriscar os meus cozinhados (o Luís ficou de fora, pois parece que os seus dotes culinários se esgotam com aquecer leite no micro-ondas).

Na verdade, para desespero da Susana que tentou manter a coisa dentro do razoável, acabámos por sair do supermercado com um carrinho cheio de guloseimas, bebidas alcoólicas e outras coisas essenciais à sobrevivência.

Arrumadas as compras decidimos ir comer os internacionalmente conhecidos ‘pregos’ do Hotel Tivoli em Luanda. Merecem a fama, é o que posso dizer.

Quarta Feira 12

Hoje ao almoço levámos a Susana a comer ao Arcádia. Não só costuma ter pratos locais, como é um passeio maior que termina na marginal.

No regresso, o Luís presenteou-nos com a melhor demonstração de negociação de preços a que jamais assisti (não creio que a Susana tivesse visto melhor, também). Então tentem visualizar a cena:

Seguíamos no passeio junto ao Ministério dos Negócios Exteriores quando um rapaz nos aborda para vender mapas de Luanda. A princípio agradecemos e declinamos, mas uns passos à frente, sugiro ao Luís que talvez lhe venha a ser útil. Paramos, voltamos para trás e chamamos o vendedor:

- Guia de Luanda, quer comprar?
- Quanto é? – pergunta o Luís
- Mil Kuanza
- Mil? Isso é muito caro! Dou-te cinco mil!

Neste momento o vendedor fez a cara mais espantada que eu já tinha visto e eu e a Susana desatámos a rir de tal forma que o próprio vendedor acabou por rir.

- Não, quinhentos - corrige o Luís.

Mas era demasiado tarde. Não parámos de rir até ao jantar. Jantar esse que foi no Coconuts com o irmão da Susana e os seus colegas

Quinta Feira 13

Mais um extenuante dia de trabalho. Saímos um pouco mais cedo porque já não aguentávamos estar fechados e, à hora a que escrevo, estamos a arranjarmo-nos para ir jantar ao Cais de 4, na Ilha.

7, 8 e 9 de Julho

Sexta-feira jantámos no Vila Alice, um restaurante na zona do mesmo nome. Foi curioso. Decidimos pedir uma garrafa de Casillera del Diablo, um vinho Chileno, e depois de nos trazerem a garrafa ainda fechada, esperámos, esperámos, esperámos…

Por fim, passada mais de meia hora sem nenhuma novidade, lá conseguimos apanhar um empregado que nos explicou que não tinham saca-rolhas no restaurante. Tinham desaparecido todos e desconfiavam de uns clientes…

Bebemos super-bock com o fondue.

No dia seguinte, sábado, eu e o Luís fomos para o Mussulo matar saudades. O Amaral deixou-nos no embarcadouro às 10 da manhã e 20 minutos depois, já estávamos a cumprimentar os nossos amigos da Roça das Mangueiras e a preparar-nos para um mergulho na piscina. E foi muito, muito bom. Depois de uma semana no bulício da cidade, o Mussulo sabe como um paraíso.

Depois de almoço decidimos arrancar a pé até à contra-ilha (o outro lado do Mussulo, com a costa virada ao Atlântico) e só vos digo que foi fantástico. Não só conhecemos o Chimp (ver post abaixo) como fomos até uma praia linda e deserta, com água quente e limpa.

Bom, regressámos à Roça e fomos a correr ter com o Amaral, que estava a aproximar-se a hora de ir buscar a Susana ao aeroporto.

A Susana, que está desde sábado connosco, chegou um pouco surpreendida com tanta confusão, mas decidimos fazer-lhe a melhor introdução possível a Luanda: jantar no Pimm’s (o melhor restaurante) e dançar no Palo’s até às 5 da manhã.

Para não perder o ritmo, domingo estivemos na praia do Coconuts o dia todo e jantámos na Portugália. Acho que não é de estranhar que ela esteja a adorar isto.

Dia 4 e 5 Julho

Terça à noite fomos todos (e agora estamos cá quatro) jantar à Portugália na Ilha. Estava um ambiente absolutamente descontraído e bem disposto, enquanto víamos o jogo Alemanha–Itália, que até deu para concursos de ver quem conseguia um número de telefone mais depressa. Não vou fazer mais comentários sobre este tema, mas deixo já o aviso de que sou subornável, se o preço for o justo.

O dia de ontem correu bastante bem em termos de trabalho. RFeuniões produtivas, avançou-se bastante nas tarefas e ao fim do dia, eu e o Luís estávamos bastante bem dispostos. Tanto que quando saímos para o jantar no Leme, na Ilha, o Luís levava cachecol e bandeira de Portugal. Aqui, sobre o que se passou, as opiniões divergem. Eu relembro uma excelente lagosta na grelha, ao lado de uns gajos carrancudos e mal dispostos. O Luís fala qualquer coisa sobre bater em franceses, sobre o raio do jogo e aposto que nem se lembra do que comeu.

A pérola da noite foi chegar ao carro depois de jantar, e ter o Amaral sorridente à espera:
- Bon soir!

Enquanto eu desatei a rir, vários membros da comitiva iniciavam uma pouco convincente tentativa de linchamento, que resultou apenas em mais gargalhadas e palavras em Francês do Amaral, para desânimo geral. Acabámos a afogar as mágoas (as deles, que eu não estava lá muito magoado… é um jogo apenas, não é real life) num pub simpático ali na baixa da cidade. Quando digo pub simpático, refiro-me a um sítio onde havia claramente umas 4 mulheres por homem, sendo curioso o facto de 100% delas serem locais e 100% deles serem estrangeiros. You do your math!

Para o fim, a curiosidade. Desta vez temos um carro diferente. Um hyunday elantra, mas não é isso que é curioso. A curiosidade é o facto de não ter cintos de sugurança atrás. Esse facto conjugado com a velocidade a que o Amaral tem conduzido, tem feito aumentar exponencialmente a nossa religiosidade: quer eu quer o Luís rezamos sempre que entramos num cruzamento e benzemo-nos a cada mudança de faixa.

Why?

Porque temos uma casa Africana. Uma casa cheia de pessoas que chegam com malas cheias de ideias pré-concebidas e partem com uma nova e inesquecível paixão.

É a nossa casa em África.