My African House

Saturday, November 24, 2007

Ressaca

Do latim 'bebum demasiadus'.

Quinta feira foi o aniversário do João Tojo, um antigo colega do tempo da PriceWaterhouseCoopers que reencontrei aqui como colega. E na verdade, a culpa da ressaca é toda dele.

Dele que tinha excelente vinho em casa, e depois, do Mateus Rosé fresquíssimo, que se bebe como refresco e do excelente jantar picante... enfim

O dia de sexta foi duro. Ressaca e duas horas de sono, não são fáceis.

Infelizmente, hoje ia toda a gente para o Sumbe e eu acabei por ficar que o corpo ainda pedia mais descanso.

Acho que vou aproveitar e vou ao cinema.

Sunday, November 18, 2007

O que faltou mostrar













Dia 3 - Lubango Luanda

Acordámos cedo. Demasiado, a avaliar pelas olheiras gerais. Mas não havia bilhetes para Luanda e precisávamos ir para o aeroporto procurar resolver essa maka.

Assim, depois de uma breve passagem pelo Huíla Café (o único com um Pullitzer) para pequeno almoço, fomos para o aeroporto, onde acabámos por ficar em stand by até, finalmente, conseguir embarcar por volta das 17.00h


Dia 2: Lubango – Namibe – Lubango

Tínhamos decidido estar prontos às 6.00, para nos encontrarmos com o Teixeira às 6.30 à porta do Governo Provincial do Lubango. Digo tínhamos, porque acabámos por sair já depois das 7.00, com muitos lamentos de que teria dado perfeitamente para ir tomar pequeno-almoço ao Huíla Café (o único distinguido com o prémio MTV Video Music Awards).

Ainda assim, encontrámos o Teixeira bem disposto e rapidamente trocou o volante com o Décio. Partimos assim rumo ao Namibe.

A primeira paragem foi no Cristo-Rei do Lubango; finalizado em 1960, ergue-se na montanha sobre a cidade e parece recebê-la nos seus braços.



Poucos minutos depois chegámos à Serra da Leba, eventualmente o mais conhecido ex-líbris do Lubango e foi mais uma vez um cenário de cortar a respiração, apenas cortado pela presença constante de cerca de duas centenas de paparazzis que não nos abandonaram na viagem toda.





Desse momento para a frente, a paisagem que desfilava pelos vidros da hiace, foi passando do verde luxuriante, para o amarelo do deserto do Namibe.

Os minutos passavam entre a barulhenta euforia de um grupo de pessoas que se divertia e o completo silêncio de contemplação, nos momentos em que atravessávamos os mais fascinantes cenários. Centenas das mais de 1600 fotos do final de semana foram feitas nesta estrada.





Perto da hora de almoço, chegámos finalmente à cidade de Namibe, capital da província homónima. Confesso que não estava preparado para o que vi. Na minha opinião, a mais bela cidade das que conheço em Angola. Tão limpa e organizada como Lubango, mas com o mar azul a emprestar-lhe uma cor e um cheiro para lá do descritível.

Naturalmente, as fotos não lhe fazem a justiça devida, mas dão uma aproximação.





Atravessámos a cidade e fomos mais para sul em busca da famosa Welwitchia Mirabillis, uma planta que apenas existe no deserto do Namibe (partilhado por Angola e Namíbia). Foi também o momento em que caminhei com o Zé, a Sylvie e o Pedro pelo deserto, ao longo de quase uma hora. Desta vez, nem o Berti nos quis acompanhar.




Regressámos à cidade para um mergulho na praia da Miragem e almoço frente ao mar.



A viagem de regresso fez-se maioritariamente de noite e, de novo, deixei todos descansar ao tornar a ficar sem voz. Como todos estivessem bastante cansados e sem coragem de ir ao Huila Café (o único com um Nobel da Academia), acabámos por comer pizza (prato típico desta zona de Angola) em casa.

Friday, November 16, 2007

Dia 1: Luanda – Lubango

Quando à meia-noite e meia me deitei e coloquei o despertador para as 2.35h, sabia que não ia ser um dia fácil. Sabia. Mas o entusiasmo pela viagem superava todas essas considerações.

Por isso, quando eu a Inês e a Andreia saímos de casa às 3.15h para ir buscar o Décio e a Cátia, era maior o brilho nos nossos olhos que o peso nas pálpebras.

Chegámos ao terminal dos voos domésticos no 4 de Fevereiro ainda antes das 4.00h e já o resto do grupo nos esperava. Pedro, Zé Simões, Luís e Sylvie estavam com o mesmo brilho que nós.

Entrámos, esperamos uns minutos pelo check in e acabámos por ser os primeiros a entrar na sala de embarque, umas 4 horas antes de efectivamente virmos a embarcar. A sala estava gelada, o que muito terá contribuído para a minha faringite dos dias seguintes, mas nem isso nos demoveu de fazer as primeiras das 1600 fotos dos três dias.

O surgimento do pequeno Berti, de dentro da mala da Sylvie foi também motivo para grandes festejos e regozijo e ele acabou por se tornar num dos elementos mais carismáticos – e peludos – do grupo.


Berti ao colo, a tentar dormir

Apesar de não percebermos porquê, o Décio e a Cátia insistiram em partir num voo que deveria sair antes do do resto do grupo e passar pelo Huambo, supomos que para comer pastéis de Belém. No entanto, umas centenas de Kwanzas bastaram para garantir que o nosso 737-700 saía primeiro que o deles e acabámos por ter mais quase meio dia de Lubango.

Foi à chegada ao Lubango que as coisas pareceram ficar mais complicadas. A rede Unitel recusava-se a trabalhar e nós não conhecíamos nem o motorista da Hiace (lê-se yáçe) e nem sabíamos outra coisa que não o telefone da pessoa que nos diria onde era a casa.


Ainda pensámos alugar este



Como o Décio e a Cátia tardaram, tivemos tempo para convencer o Teixeira de que éramos nós o grupo que ele esperava e acabámos por andar com ele todo o fim-de-semana. Claro que não o teríamos conseguido sem o olhar doce do Berti.

Depois do grupo completo, lá embarcámos no nosso ‘candongueiro’ e fomos conhecer a cidade e a casa. O Lubango deixou-nos a todos em silêncio. Uma cidade linda, limpa, organizada e a anos-luz da confusão de Luanda.

Posso jurar que ouvi mais do que uma voz a fazer juras de amor eterno à cidade e a prometer viver ali para sempre. E uma delas era minha




vistas da cidade do Lubango

Depois de instalados na nossa fantástica moradia com vista para a cidade e de comermos um almoço de funge no Huíla Café (o único com estrelas no Guia Michelin), decidimos partir para a fenda da Tundavala, com o Décio como nosso corajoso candongueiro.


As damas na varanda da casa



A Tundavala foi, a todos os níveis, uma experiência de cortar a respiração. Não só está localizada a uma imensa altitude (partimos do Lubango, já de si a 1760m e subimos, subimos, subimos…) mas, essencialmente, porque é um daqueles lugares mágicos em que a força e a beleza avassaladora da natureza nos reduzem á pequenez de humanos. Foi um momento mágico que jamais esqueceremos e que as fotos, embora belas, nem de perto conseguem ilustrar.




Depois de muitas caminhadas e escaladas, lá partimos montanha abaixo, guiados pelo intrépido Décio, no ‘candongueiro’ mais veloz do oeste (oeste do Huíla, bem entendido).




Por esta altura, todos puderam descansar um pouco os ouvidos, pois a minha voz foi-se, levada pela faringite. Um descanso para os demais e uma frustração para mim.

Voltamos ao Huila Café (o único com um Leão de Ouro no Festival de Veneza) onde temos um jantar demorado, o que, associado a mais de duas dezenas de horas sem dormir, não melhorou muito o nosso aspecto de zombies de um filme serie B.

Para mim foi xixi cama e adormecer em 0,3 segundos.

Thursday, November 15, 2007

Lubango e Namibe @ heart

Ainda antes da descrição do final de semana que – reforço – foi maravilhoso, gostava de falar um pouco sobre a magia de África, ou o feitiço da água do Bengo.

Seja o que for que se lhe queira chamar, esta vastidão, esta paisagem e estas pessoas, são, mesmo em grupo, uma experiência individual e espiritual única. Cada um de nós sentiu-a de forma diferente, mas foi indisfarçável que todos e cada um de nós foram tocados no coração pela magia de África.

E é fácil prová-lo:





Tuesday, November 13, 2007

Para ti, Elisabete.

Enquanto não tenho tempo de escrever e publicar as fotos do maravilhoso final de semana, pelo menos deixo uma mensagem à Elisabete, que não teve o visto atempadamente e não pode estar connosco.


Thursday, November 01, 2007

De vez?

Estou há muito tempo sem escrever. A todos os que me perguntam, vou tentando desculpar-me com o tempo ou o trabalho. Na verdade, não sendo isso mentira, há outras razões para a ausência de escrita.

Com o tempo, a rede de relações que criei em Angola tornou-se muito forte. A Ana, especialmente, mas para além dela e depois dela, muitas outras pessoas ajudaram a minha integração.

Descobri que o ambiente humano é diferente, em África. Não só entre os expatriados, que partilham esta distância que nos torna mais próximos, mas também o calor e alegria do povo Angolano se tornou um bálsamo difícil de dispensar.

Descobri que aqui posso, de facto, ajudar outras pessoas; não só profissionalmente, mas também na vida, há aqui pessoas muito necessitadas e descobri que parte da minha felicidade passa por trazer felicidade aos outros. Sem os cinismos e competitividade fútil de Lisboa, em que mais um punhado de Euros parecem ser um fim que justifica qualquer meio.

Aos poucos, o sofrimento que sentia ao partir de Lisboa para Luanda, inverteu-se e hoje, custa-me tremendamente mais deixar a minha vida em Angola para regressar em Lisboa.

A partir do momento que aceitei estes sentimentos, ficou evidente que, para ser feliz, tinha que fazer alguma coisa.

A decisão foi tudo menos fácil. Mas um grupo de pessoas excelentes acabou por me deixar uma única via aceitável. Decidi assim esta semana, que pretendia que o meu futuro passasse por África.

Assumi que pretendo – com o actual ou outro empregador – trabalhar em África e procurar encontrar-me aqui. Não sei se por muitos anos, se por poucos. Já vivi demais para ainda acreditar que se podem ter essas certezas, mas sei que neste momento, é em Angola que quero estar.

Ter conhecido a Sylvie, ainda mais viajada que eu, fez-me perceber que não era um sentimento contra-natura, esta coisa de querer deixar a ‘civilização’ e sentirmo-nos felizes num outro sítio que maior parte dos nossos amigos considera inabitável.

A todos os que me ajudaram neste percurso interior, o meu mais profundo obrigado. Vocês sabem quem são, mas deixo aqui algumas fotos de bons momentos que partilhámos.













versão integral no meu BAU