My African House

Thursday, September 28, 2006

22 a 26 Setembro

Sexta 22

Depois de mais um dia normal no escritório, chegámos todos ao fim do dia com ar de mortos.

O único evento digno de registo do dia foi a adjudicação das 7 semanas de adicional, que prolonga o projecto – aparentemente de forma final – até 17 de Novembro, o que significa que tenho mais um mês aqui.

Depois de tanta emoção decidimos experimentar algo de novo: fomos ao Chez Wou, um dos restaurantes chineses da ilha. E, surpreendentemente, não foi nada mau. A comida era boa e havia algumas curiosas receitas de fusão afro-chinesa, como os crepes de legumes com pasta de ginguba. Uma boa surpresa.

Depois da comida, olhámos uns para os outros e decidimos que ainda não seria esta noite que íamos matar saudades do Palos

23 e 24 Setembro

Acordámos cedo e fomos ter com o Ricardo e a Catarina. O plano era ir de carro até ao Mussulo e isso requeria que a partida fosse cedo. Assim fizemos.
Apesar de habitualmente ser referido como uma ilha, o Mussulo é na realidade uma península, já que está ligado a terra por uma estreita língua de areia, cerca de 50km a sul de Luanda.

Assim, deixei a Rav4 na casa e fomos no Patrol GR a caminho do sul. Quando chegámos à saída para o Mussulo, junto às Palmeirinhas, confirmamos com uns locais que aquele era o caminho certo e arrancamos. Os primeiros quilómetros são de terra batida e fazem-se sem dificuldade; a dada altura aproximamo-nos do areal que será o resto do caminho, saímos, baixamos a pressão dos pneus até ter a ‘barriguinha’ adequada e essencial para garantir tracção em areia tão mole – especialmente porque nem existe propriamente uma estrada – e avançamos. A paisagem é deslumbrante especialmente nas zonas em que a língua de areia não tem muito mais que 50m de largura e andamos com o mar bravo da contra-costa de um lado e o mar chão da baía do outro.

Finalmente, vários kilómetros depois, chegamos ao Complexo da Zanga, que a Marta já nos tinha recomendado e vamos finalmente ao encontro do resto da malta que tinha ido de barco. Eles já estavam na praia e terão demorado muito menos que nós a chegar, mas aposto que não tiveram nem metade da diversão.

O complexo em si é muito bonito, a praia é bastante boa, mas a comida… esqueçam.

Regressámos quando o sol começou a descer e tivemos uma excelente viagem acompanhados do por-do-sol.

À noite, era suposto termos um churrasco em casa da Ana. E digo ‘era suposto’ porque nos deitámos em cima da cama às oito da noite e acordámos às nove da manhã de domingo, vestidos e tudo.

Fomos de novo ter com o Ricardo e a Catarina e partimos para o mercado de Benfica. Foi uma ideia gira, mas acabámos por nem comprar nada. Voltámos para Luanda e fomos apanhar sol à Ilha.

Por fim, acabámos o dia a tentar controlar o stress de Domingo à tarde com uma sessão de home-cinema. Vimos o ‘La mala educación’ do Almodôvar. Não é o mesmo que ir ao cinema ao domingo à tarde, mas serviu bem.

26 Setembro


São 7.30 e estou à mais de uma hora no aeroporto à espera do avião de regresso a Lisboa. Não vou estar muito tempo em casa… duas semanas e meia e volto para a recta final do projecto, que deverão ser 35 dias seguidos.

Até já.

Friday, September 22, 2006

Foto Reportagem





Wednesday, September 20, 2006

15 a 18 Setembro

15 Setembro

O Pedro embarcou hoje de manhã para Lisboa. Ainda não conversámos sobre o assunto, mas parece-me que levou na mala o bichinho de África e vai querer voltar.

Nós aproveitamos a hora de Almoço e fomos com a Ana ao Baía almoçar. De caminho passámos pelos correios e comprámos postais para responder a algumas encomendas.

O Baía é um restaurante muito bem localizado na baía (estranha coincidência, não acham?), com umas excelentes pizzas e uma vista fantástica. Vale bem a visita.

À noite fomos uns loucos e arriscámos não ir ao Palos. Em vez disso jantámos no Chill Out e fomos dormir para levantar cedo no sábado, afinal era um fim-de-semana prolongado e tínhamos imensos planos.



16 Setembro

Sábado levantamos-nos cedo e caminhamos até à pastelaria Nilo para o pequeno-almoço. Telefonamos ao Dodó para nos vir buscar e tínhamos em mente um mergulho na praia da Barra do Dande. Uma localidade na foz do rio com o mesmo nome, 80km a norte de Luanda.

Quase uma hora depois, quando o Dodó finalmente apareceu, eu não estava nas minhas melhores disposições, pelo que lhe pedi as chaves e os documentos do carro e o dispensei o fim-de-semana.

Tomada que estava a decisão de me aventurar no trânsito de Luanda, fomos buscar a Sara e partimos para Norte. Ok, talvez seja exagero dar esta ideia de viagem. O que aconteceu na verdade é que nos enfiámos num gigantesco engarrafamento onde andámos 1hora e poucos kilómetros. Em Cacuaco decidimos tentar abastecer, já que o trânsito não diminuía e a Barra do Dande não estava a ficar mais perto.

Foi assim que passámos pela agradável e certamente diferente experiência de ficar 45min na fila da bomba da combustível e não sair do sítio. Por esta altura parecia evidente que a decisão mais sensata era regressar e arriscar uma ida ao Coconuts e à Ilha.

No regresso à cidade, um Polícia vê o carro cheio de ‘pulas’ e manda-me encostar. Assim fiz. O diálogo é que tenho que vos reproduzir.

- Bom dia!
- Boa tarde, senhor condutor, já passa do meio dia.
- Ah, sim, tem razão.
- Os seus documentos e os da viatura, por favor.
(procuro os documentos)
- Aqui tem.
- Vai aí sozinho com três gatas, não arranja uma para mim?
- (risos) Não são minhas, sr agente.
(sorri e passa mais uns segundos a olhar para a papelada)
- O senhor condutor está todo legal, pode seguir e nada de abusos.
- Não senhor! Obrigado e boa tarde.

Não correu mal!

Nada mal correu também a nossa tarde na praia do Coconuts e nem o churrasco brasileiro ao jantar, na casa da Ana, com os colegas dela.

Mais uma vez decidimos não dormir tarde para levantar cedinho no dia seguinte e ir então à Barra do Dande.



17 Setembro

Dia 17 de Setembro comemora-se o Dia do Herói Nacional (data de nascimento do Presidente Agostinho Neto), pelo que os sons de festa começaram cedinho. Mais uma vez pequeno-almoço na Nilo e vamos então para a nossa viagem. Passamos só pela casa, para ir ter com a Catarina e o Ricardo, que foram no Condor à nossa frente.

A viagem é excelente, com a paisagem a variar entre o musseque da Boavista, do mais impressionante que vi em Luanda, até à deslumbrante paisagem de savana que atravessamos nos últimos 30 km da viagem.





Chegamos ainda de manhã à Barra e atravessamos o rio Dande – há crocodilos, ao que parece – para o outro lado, onde um tractor nos transporta uns 2km até ao complexo com praia e restaurante.





Uns mergulhos, um peixe grelhado e voltamos ao carro, para tentar ir ver a praia de S. Tiago ainda de dia.

A praia de S. Tiago é famosa por ser um cemitério de barcos. Ao que parece, há alguns anos atrás alguém descobriu como fonte de receita o recebimento das indemnizações de seguro por perda total, causada pelo encalhamento na praia…

As fotos mostram o quanto o local é ao mesmo tempo fascinante e sinistro.





18 de Setembro

O último dia deste fim-de-semana prolongado. Pequeno-almoço no Bolo-Rei e vamos para a praia do Caribe ganhar mais alguma cor.

Não sem antes visitar a casa nova do JC e ficarmos finalmente convencidos de que ele se muda esta semana.

Thursday, September 14, 2006

14 Setembro

Hoje começámos o dia de forma diferente do habitual. Quase posso dizer que levámos mais uma boa dose da realidade Angolana.

O Pedro, que vai regressar amanhã, decidiu fazer umas fotos durante o percurso casa escritório. Bem, vai daí, distraiu-se um pouco e esqueceu os avisos anteriores sobre os cuidados com as câmaras. ‘To cut a long story short’, fotografou uma pick-up da polícia, daquelas com uns 6 polícias armados de metralhadoras.

O resultado é razoavelmente previsível. Pararam ao nosso lado, saltaram do carro e rodearam-nos com as armas. Ficaram-lhe com o passaporte e a câmara e pediram-nos para os seguirmos.

Mais à frente parámos e explicaram-nos que se não tínhamos uma certificação do GPL para fazer aquele trabalho, não podíamos tirar fotos. Que era ilegal, porque ia dar má imagem da cidade deles e como tal, ele ia ser preso até ser presente ao juiz e este decidir a sanção a aplicar.

Naturalmente, não foi preciso chegar a tanto. Fomos comunicados do valor da multa e do desconto que poderíamos obter se a pagássemos logo ali… ficou em 200USD, a brincadeira.

Espero ao menos que as fotos não tenham saído tremidas.

Tuesday, September 12, 2006

Dia 11 de Setembro

Esta data foi completamente passada em branco. Nem a menos referência aos acontecimentos de NY em 2001, nem um simples avião de papel a voar pela sala, nada!

Isto mostra bem o quanto estamos ocupados!

Em compensação, fomos jantar ao Trinca Espinhas e decidimos deixar o Dódó ir dormir, ficando eu encarregue da condução. Acho que lhes mostrei que se pode ser ainda pior que eles. ‘Só pra eles verem quem é este menino!!’ (piada apenas compreensível a indivíduos com altos estudos Gato Fedorenses)

5 a 11 Setembro

Para não variar muito, esta foi mais uma semana bastante complicada de trabalho. Mas foi também uma semana animada em termos de jantares e saídas.

Segunda fomos todos ao Veneza, junto com o a Ana, o C. e o M. Na terça jantámos no Pimms e daí para a frente decidiu-se experimentar os dotes culinários da nova empregada do JC.

Assim, na quarta tivemos um Calulu de Peixe espectacular, na quinta eu e a Susana fomos jantar c o Tiago à Portugália, na preparação para mais uma noite de Palos. O Miguel e o Pedro juntaram-se a nós só no Palos, mais tarde, perdendo assim a oportunidade de conhecer o Elinga.

Como vinha toda a gente morta de saudades, decidimos ir de novo ao Palos na sexta e ficámos por lá até às 4.30h. A essa hora, enquanto alguns decidiram ir dormir, eu e a Ana fomos para a discoteca Bingo. E só vos digo que foi excelente.


A Bingo é uma enorme discoteca, muito mais frequentada pelos locais (haveria uns 10 a 15 pulas numas centenas de pessoas), com uma música entre o Techno e o Kizomba, com um final perfeito: baladas dos Scorpions quando já era de dia na rua.

Parece óbvio que os planos do Pedro e do Miguel de ir a Cabo Ledo no sábado, se esfumaram. Quando eu e a Ana chegámos à casa da Maianga eram 5 da tarde e ainda não estava toda a gente com ar devidamente acordado.

Decidimos então ir procurar uma pastelaria e tomar o pequeno-almoço. Isto embora já fosse de noite. Fomos ao ‘Bolo-Rei’, uma pastelaria com uns excelentes galões de café de máquina e onde comi um bom bolo-rei, apesar de estarmos em Setembro..

Acabámos a jantar no Tambarino e depois, como estávamos finalmente acordados, fomos todos para o Palos de novo. Parece repetitivo, mas na verdade a roupa dos empregados muda todas as noites e por isso é sempre como se fosse um sítio diferente.

Domingo acordámos um pouco mais cedo, eu trouxe as coisas do Trópico para a casa da Maianga e fomos para o embarcadouro. É verdade, Mussulo de novo.

O Pedro e o Miguel ainda não conheciam a Roça das Mangueiras e nem o Chiquinho, pelo que os levámos a um belo dia de praia com mais um excelente almoço na Roça.

À noite, depois do Miguel partir para o aeroporto, já estávamos de novo todos rotos, pelo que fomos simplesmente buscar umas pizas ao ‘Padrinho’ e comemos aqui na casa.


Fait Divers

A forma peculiar de falar o Português em Angola, leva a momentos bem divertidos. A Marta deixou-nos todos a rir com o pequeno episódio que nos contou. Alguém seu conhecido fez a frase mais brilhante desde que Armstrong pisou a Lua: “desconsegui de avançar e avancei de recuar”. (se pedirem muito, eu traduzo).

Ainda contada pela Marta, uma situação absolutamente hilariante,(mas só porque, mesmo tendo tudo para acabar muito mal, acabou bem).
Imaginem alguém que segue no seu carro com o motorista e é mandado parar pela polícia. Bom, agora imaginem que o motorista em vez de parar o carro acelera e foge, apesar dos gritos de – Pára! O que é que estás a fazer, pára já o carro!

Pois, isto aconteceu mesmo, mas não fica por aqui. Mais à frente, foram mesmo alcançados pelo polícia que se lhes atravessou à frente e os fez sair aos dois do carro. Depois, quando puxou das algemas e lhes disse que os ia levar para a esquadra, o motorista desata a fugir para o meio do musseque, para nunca mais ser visto (até hoje).

Quando acabarem de rir, podem imaginar o quanto e$ta brincadeira cu$tou ao dono do carro, para con$eguir evitar male$ maiore$...

Falta ainda contar que, como previsto, o Nelson foi despedido ao fim do 3º dia, porque era impossível ir com ele a qualquer lugar que não conhecêssemos nós de antemão.

Em sua substituição temos o Sr Dódó. Se conseguirem chamar uma pessoa com este nome sem se rirem, são bem melhores que eu.

Tuesday, September 05, 2006

3 e 4 Setembro

3 Setembro

Ainda não eram 8.45h quando chego ao aeroporto da Portela, carregado com as malas e sacos para mais uma viagem. Procuro pelo balcão do check-in nos monitores e nada.

Olho em volta e decido ligar à Ana e à Susana. Estavam a chegar. A Ana estava ‘mais a chegar’, pois mal tive tempo de voltar a enfiar o telefone no bolso.

Descobrimos a fila do check-in e ficamos espantados com o tamanho invulgarmente grande da mesma. Aparentemente, os senhores da ANA ou da TAP, ou lá de quem seja a culpa, acharam que bastavam 2 balcões para enfiar aquela gente toda dentro do A340 até às 10 da manhã. Parece que estavam enganados, porque a dada altura lá decidiram abrir mais e a fila mexeu-se um pouco mais depressa.

Ainda antes da fila se mexer, chegou a Susana, com o mano Ricardo e o Nuno que nos fizeram companhia durante a longa espera de quase uma hora. Aparentemente o voo estava lotadíssimo.

Mas nem tudo são más notícias. Quando estamos a embarcar, já mesmo quase os últimos, decidem dar-nos os três lugares em executiva dos passageiros que não apareceram. E nós… tudo bem. A viagem foi bem mais confortável e a comida muito melhor. E a cereja no topo do bolo é que os passageiros de executiva saem primeiro do avião, pelo que, pela primeira vez, fomos nós a esperar pelas bagagens e não o contrário.

Desta vez houve diversas mudanças. Para começar, o Amaral decidiu mudar de emprego e já não trabalha connosco. Assim temos um novo motorista, sobre o qual falarei adiante. Depois, desta vez já temos gente que veio mesmo morar para cá e não temos o Luís, o que faz bastante diferença.


4 Setembro

O primeiro dia de trabalho. Finalmente a Marta tem companhia e recomeçámos as nossas tarefas no cliente.

O almoço foi no Arcádia, onde o MV, o PC e a Susana decidiram alterar os bifes de fritos para grelhados, o que resultou em mais de uma hora de espera. O meu frango assado já estava a decompor-se quando finalmente veio para a mesa.

Aproveito para vos falar do nosso novo motorista, o Nelson. Bem, parece ser um excelente rapaz, mas conhece Luanda pior que eu e isso é um bocadinho agastante, to say the least. Não bastava no domingo ter que explicar o caminho de casa para o Aeroporto e ele não conseguir encontrar o Caribe, como hoje, não sabia onde era o Hotel Trópico e nem o Restaurante Veneza. Não creio que vá ter uma longa e frutífera carreira connosco.